Na Natureza, a luta pela sobrevivência entre as espécies começa bem mais cedo. Assim, se dá com o espermatozóide (2,7 milésimos de mm de comprimento é 85 mil vezes menor que o óvulo) na corrida pela fecundação do óvulo. Nos mamíferos, especialmente, no homem, esse pequeno atleta se prepara durante 74 dias para a mais longa e desgastante corrida da sua vida. Durante a maratona – 14 horas -, ele enfrenta a concorrência de milhões de outros espermatozóides que têm apenas um objetivo: Fertilizar o óvulo que está à espera da carga genética trazida pelo atleta vitorioso.
Ao que parece, a quantidade de espermatozóides ejaculada pelo macho de determinada espécie está ligada a um fator de disputa dos machos pela fêmea. Assim, nos gorilas, a quantidade de espermatozóides não passa dos 65 milhões; para outras espécies de primatas cuja disputa pela fêmea é mais intensa, a quantidade pode atingir 2 bilhões por ejaculação.
Para poupar energia para a viagem que terão que fazer rumo à fertilização, os espermatozóides permanecem imóveis até o momento da largada. Abaixo da cabeça do espermatozóide há uma espécie de bateria carregada de mitocôndrias, estruturas responsáveis pelo fornecimento de energia durante todo processo. Uma largada que - no caso da espécie humana – pode ter 500 milhões de indivíduos. Mas, em um homem fértil, somente 20% dos espermatozóides têm o tamanho e a forma ideal. Nos testículos humanos são produzidos 3.000 espermatozóides a cada batida do coração. Durante a viagem, o combustível usado é a frutose produzida na vesícula seminal. A única ajuda que os espermatozóides recebem em sua maratona vem da prostaglandina presente no líquido espermático que faz o útero se contrair impulsionando-os em direção às tubas uterinas. Quase tudo no aparelho reprodutor da fêmea atua contra os espermatozóides de maneira que, após 30 minutos no útero, pelo menos 99% deles já estão mortos. O útero está equipado com ferramentas – entre elas, os leucócitos que os englobam e despedaçam – para destruir os espermatozóides. Quase todo o aparelho reprodutor da fêmea foi projetado para matar os espermatozóides. Para elucidar parte do sacrifício que o espermatozóide humano terá que fazer, pesquisadores calculam que, o percurso desde a larga até a linha de chegada pode ser comparado a uma distância de 3.000 quilômetros nadados - pelo homem - em um charco lamacento e viscoso. E todo esse percurso – dos testículos até o óvulo - é feito em apenas 14 horas. Portanto, um desempenho extraordinário – em termos humanos, uma velocidade média 214 quilômetros por hora ou 60 metros por segundo – e impossível do ponto de vista de um ser humano. Apenas o colo do útero representa uma altura de um prédio de 10 andares. Depois de vencer essa subida, entram no colo do útero e somente 1% dos que entram tem chance de atravessá-lo. Dos milhões de espermatozóides que largaram somente 3.000 aproximadamente entra no útero. O muco produzido pelo aparelho genital da fêmea durante a fase fértil, sob a influência dos estrogênios também oferece uma das maiores barreiras – embora o estrógeno amacie o muco uterino, tornando-o mais fluído - aos espermatozóides na escalada rumo à fecundação. No caso específico de espécies como a égua que têm um aparelho genital mais longo, por exemplo, pode-se concluir que a energia exigida para concluir o percurso será ainda maior. Além do longo caminho a percorrer, o espermatozóide ainda terá que enfrentar outras dificuldades, como por exemplo, a pressão com que são arremessados contra as paredes da uretra durante a ejaculação Essa pressão é comparada a uma onda marítima de 4 metros de altura sobre um banhista. O espermatozóide ainda tem que abanar a cauda e a cabeça para um lado e para outro, numa frequência de aproximadamente 500 vezes por minuto. Não bastasse o longo caminho até o óvulo, deixando para trás milhões de concorrentes, na chegada, ele ainda tem que reunir forças para romper a zona pelúcida que reveste o óvulo. Mas, aquele que chegar primeiro não é ainda o vencedor. Os poucos que conseguem chegar ainda têm que romper o óvulo, dando início à fecundação. Para isso, ele carrega - na cabeça - uma espécie de bolsa (acrossomo), carregada de uma enzima (hialuronidase inespecífica que degrada o ácido hialurônico). A enzima é despejada sobre o óvulo, destruindo a pelúcida, permitindo a entrada do espermatozóide. Dos milhões de espermatozóides ejaculados – pelo homem - somente uns 200 chegam ao final da corrida. Os espermatozóides portadores do cromossomo Y (aquele que determina o sexo masculino), por serem mais leves e mais ágeis, chegam primeiro e trabalham durante cerca de 6 horas para romper o óvulo. Os espermatozóides portadores do cromossomo X (determinante do sexo feminino), mais pesados chegam por último e encontram uma zona pelúcida - trabalhada pelos espermatozóides portadores do cromossomo Y - mais fácil de ser penetrada. Assim, a chance de um espermatozóide portador do cromossomo X realizar a fertilização é maior que a do cromossomo Y que, embora tenha chegado primeiro e preparado tudo, já estava desgastado quando chegaram os cromossomos X. Assim, a quantidade de fêmeas que nasce é ligeiramente maior que a quantidade de machos.
Enquanto o cromossomo X é portador de 1.500 genes, o cromossomo Y tem apenas 78. O fato do espermatozóide portador do cromossomo Y apresentar um número insignificante de genes em relação ao cromossomo X - para alguns cientistas – dá possibiidade que nos próximos 125.000 anos, ele possa desaparecer da espécie humana; permitindo que,
O encontro entre espermatozóide e óvulo não é um acontecimento aleatório ou casual. Há estudos que comprovam que há uma espécie de comunicação química entre eles. Colocados – junto com um óvulo - numa placa de petri, por exemplo, os espermatóides passam a se locomover em direção a esse; não apresentando, portanto, movimento aleatório.
As dificuldades enfrentadas por um espermatozóide na realização de sua tarefa, não são obras do acaso. A Natureza foi projetada para a evolução. As dificuldades enfrentadas por uma determinada espécie constituem uma das ferramentas necessárias ao processo evolutivo. Então, por que não começar com os espermatozóides? Imagine uma fertilização sendo feita por um espermatozóide deficiente ou anâmalo? Seria um desastre para a espécie em questão. Por isso, a necessidade de tantos obstáculos – enfrentadas pelo espermatozóide – na corrida rumo à fertilização.
Siqueira, A. Alves de. Biologia de Animais Selvagens – ecologia em foco – O Fantástico Mundo dos Vertebrados. Volume I 428 pp.
PESSOAL,
ResponderExcluirQUE INDIVÍDUO PREPARADO ESSE TAL ESPERMATOZÓIDE!
Ha, depois q vi o blog na escola, sempre dou uma passadinha, adoro os posts, aaa.. eu jaah fui um Espermatozóide um diia ! rsrs,
ResponderExcluirAluno: Roger Sampaio
3º "c" Enoe.
Abraço !
Então me segue Roger!!!!!!!
ResponderExcluirUm beijão querido!