Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
34(2): 223-228, mar-abr, 2001.
INFORME TÉCNICO
Mudanças no controle da leishmaniose visceral no Brasil
Changes in the control program of visceral leishmaniasis in Brazil
Depois de duas décadas de tentativas de controle da leishmaniose visceral (LV) no Brasil, o número de casos
no país aumentou nitidamente e invadiu áreas urbanas, onde encontrou-se com a AIDS27. A recente proposta do Ministério da Saúde de reavaliar os programas de controle de endemias, aliada ao econhecimento da pouca eficiência do programa brasileiro para LV, levou à convocação de um comitê de consultores para analisar o programa atual e propor mudanças para o controle da doença no país. Foram realizadas algumas reuniões do grupo técnico, a última tendo ocorrido em 4 de dezembro de 2000 em Brasília. Esta reunião contou com a presença dos consultores da Ministerio da Saúde e Técnico da Fundação Nacional de Saúde: Almério de Castro Gomes (Universidade de São Paulo), Carlos Henrique Nery Costa ( Universidade Federal do Piauí), Jackson Mauricio Lopes Costa (Universidade Federal do Maranhão), João Batista Furtado Vieira (Fundação Nacional de Saúde), José Wellington de Oliveira Lima (Fundação Nacional de Saúde) e Reinaldo Dietze (Universidade Federal do Espírito Santo). Em fevereiro de 2001, as modificações propostas foram apresentadas para os representantes d as secretarias estaduais de saúde e das coordenações regionais da Fundação Nacional de Saúde, para implementação.
O programa brasileiro, iniciado há mais de 40 anos, é composto pela integração de três medidas de
saúde pública: a distribuição gratuita do tratamento específico, o controle de reservatórios domésticos e o
controle de vetores. A medicação distribuída nas unidades públicas de saúde onde se trata LV são
compostos de antimônio pentavalente, com dose recomendada de 20mg/kg/dia por no mínimo 20 dias.
O controle de reservatórios tem sido feito através do diagnóstico sorológico de todos os cães domésticos
onde existe transmissão de Leishmania chagasi para seres humanos. Para isto, foi estruturada uma rede de
testes de imunofluorescência, utilizando-se eluato de papel de filtro; todos os cães com resultado reagente
têm sido sacrificados. Finalmente, o controle do vetor, essencialmente para o flebótomo Lutzomyia longipalpis,é aplicado eventualmente com o uso de inseticidas, por aspersão espacial (principalmente) ou por aplicaçãoresidual 22 29.
A recente epidemia devastadora do Sudão, onde populações deslocadas pela guerra civil tinham pouco
acesso à medicação para LV 31, deixou claro que a ampladistribuição gratuita do tratamento específico é crucial para a prevenção da morte, particularmente entre os mais pobres, contingente que constitui a maioria das vítimas de LV.
Salvo pequenas modificações, decorrentes de análises e experiências recentes, as recomendações
anteriores para o tratamento específico foram ratificadas pelo comitê de consultores. Baseado em revisão dos
esquemas utilizados até o presente, sugeriu-se passar a duração mínima de 20 dias para 30 dias 6. A excreção quase totalmente renal do antimônio pentavalente8 21 e ausência de tabela para uso em pacientes com insuficiência renal, a conhecida eliminação extra-renal da anfotericina B12 e o fato de seus níveis séricos não serem afetados na insuficiência renal5 (e apesar de sua nefrotoxicidade) levaram à indicação do uso, ainda que cauteloso, de anfotericina B como droga de escolha para pacientes com LV em insuficiência renal. A segurança do uso de anfotericina B na gestação33 34 e a falta de estudos conclusivos sobre a teratogenicidade de antimônio23, levaram à recomendação de indicação de anfotericina B na gestação. Foram consideradas medidas de segurança a dosagem de creatinina do soro antes do início do tratamento e o acompanhamento eletrocardiográfico de pessoas mais velhas ou com cardiopatias.
O programa de eliminação de cães domésticos apresenta o menor suporte técnico-científico entre as
3 estratégias do programa de controle. Foram identificados 10 pontos de maior fragilidade: 1) A falta
de correlação espacial entre a incidência cumulativa de LV humana com a soroprevalência canina26.
2) A ausência de risco significativo de coabitação com cães para aquisição de LV 10. 3) A demonstração teórica de que é um método pouco eficiente em comparação com as estratégias de controle vetorial e de
suplementação alimentar15 30. 4) A demonstração de que outros reservatórios podem ser fontes de infecção
de L. chagasi, tais como pessoas (particularmente crianças desnutridas que podem transmitir para
outras crianças)11, canídeos silvestres13 e marsupiais32. 5) A grande velocidade com que a população canina é reposta, exigindo proporção e freqüência de retiradas de cães soropositivos impraticáveis7.
6) A baixa eficiência dos testes sorológicos em detectar infecção canina16. 7) A utilização de um único método para efetuar as duas funções de teste de triagem e de teste confirmatório para infecção por L. chagasi; isto conduz a elevado custo por benefício devido à alta proporção de resultados falso-positivos, particularmente quando a prevalência real é baixa18 35. 8) A falta de indicadores clínicos ou laboratoriais de infectividade de cães para o vetor 28. 9)
A ausência de experiências anteriores que tenham demonstrado vantagens exclusivas da eliminação de
cães, pois todos os relatos de sucesso de programas de controle de LV onde foram eliminados cães
descrevem também o controle de vetores com inseticidas1 24 25. 10) A publicação de observações e
ensaios em que se verificou que quando esta medida foi aplicada sozinha, não houve demonstração
inequívoca da vantagem de seu uso em reduzir a incidência de LV em seres humanos3 14 17.
Os consultores recomendaram então que a triagem sorológica universal sistemática de todos os cães seguida de eliminação deve ser suspensa. Sugeriram que, na ausência do vetor ou de casos humanos, as únicas medidas para as áreas com leishmaniose visceral canina devem ser de vigilância e de educação em saúde. Devem ser promovidos inquéritos sorológicos amostrais contingenciais de infecção canina e a intensificação da identificação de vetores. Indicaram a necessidade de formulação de programa de educação sobre a doença para o pessoal de saúde no sentido de alertar para o diagnóstico em seres humanos, e outro programa educativo, voltado para médicos-veterinários, com a recomendação de não tratarem cães doentes com as drogas disponíveis, tanto pela ineficiência como medida de saúde pública devido à infectividade para flebótomos de cães tratados como pelo risco de desenvolvimento de resistência à medicação a longo prazo2.
Foi recomendado também que a população seja alertada para solicitar às unidades de controle de zoonoses o exame de seus cães com sintomatologia suspeita. Foi indicado que o teste sorológico de eluato de sangue em papel de filtro deva ser substituído por sorologia convencional. O comitê acha que a eliminação de cães deve ser restrita apenas para as situações em que o diagnóstico de leishmaniose visceral for confirmado parasitologicamente ou que exames sorológicos confirmem casos clinicamente suspeitos, em cães procedentes de áreas endêmicas.
Fundamentado em numerosos relatos e ensaios de bons resultados no controle de LV onde houve aplicação de inseticidas para o controle de LV, antroponótico ou não, ou de outras doenças transmitidas por vetores, tais como malária e doença de Chagas1 9 19 20, os consultores enfatizaram que a prioridade do programa de controle da transmissão deve ser dada para o controle de vetores, em vez da atual ênfase conferida ao controle de reservatórios. O comitê sugeriu a distinção entre as circunstâncias em que o uso de inseticidas está formalmente indicado das situações em que medidas mais conservadoras devem ser tomadas. Recomendou que a aplicação de inseticidas só pode ser efetivada quando houver registro de casos humanos na área. Mesmo na presença de casos humanos, o comitê só recomendou o controle de vetores para as áreas onde pelo uma das três seguintes situações estiver presente em uma área limitada: 1) Introdução recente da doença. 2) Aumento nítido da incidência. 3) Incidência cumulativa maior que 5 casos por 100.000 habitantes por ano. Quando nenhuma das características acima estiver presente, o comitê recomendou que apenas se intensifique a tentativa de identificação de casos humanos adicionais na área (buscando justificativa adicional para uso eventual de inseticidas), o treinamento de profissionais de saúde para assegurar o reconhecimento da doença e a ampliação da procura do vetor para as áreas vizinhas. Ressaltou que a aplicação de inseticidas deve-se restringir a aplicações residuais, com cobertura extensiva de todo o domicílio e seus anexos.
O comitê enfatizou os resultados de um estudo de coorte que havia identificado um maior risco de crianças
desnutridas infectadas por L. chagasi desenvolverem os sintomas de LV4. Mesmo ciente que esta associação
não foi confirmada em dois outros estudos de coorte16 29, (talvez decorrente de erro tipo II16, ou da carência de algum nutriente de efeito ainda desconhecido na LV, ausente em uma área mas presente nas outras) classificou o fator de risco como relevante e passível de intervenção. Por isto, recomendou que o
programa de controle de leishmaniose visceral se articule com os programas de assistência nutricional,
a fim de priorizar suplementação alimentar às crianças de alto risco de infecção por L. chagasi.
O comitê de assessores reconheceu que muitos pontos da epidemiologia e profilaxia da LV não estão ainda
devidamente esclarecidos, o que dificultou a escolha das melhores recomendações. Por isto, sugere que o Ministério da Saúde e agências oficiais de fomento à pesquisa devam encomendar pesquisas à comunidade científica sobre a epidemiologia e o controle da LV. Chama especial atenção para tópicos relevantes tais como: quais são de fato as principais fontes de L. chagasi para populações humanas; testes diagnósticos que identifiquem a infectividade de cães para Lu. longipalpis; e a análise de estratégias para o uso de inseticidas mais efetivas e menos danosas.
O comitê entende que existem recomendações com alguma imprecisão mas acredita que possam ser mais adequadamente especificadas através de decisões tomadas localmente, de acordo com as peculiaridades regionais. Finalmente, o comitê acredita que as modificações propostas resultarão em aplicação mais racional e eficiente dos recursos destinados ao controle desta endemia..
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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REPRODUZIDO POR CRISTIANE DE MELO PROFESSORA DE BIOLOGIA E ALUNA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UECE
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
sábado, 10 de setembro de 2011
Síndrome dos ovários policísticos e a alimentação
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das desordens endócrinas mais freqüentes em mulheres na idade reprodutiva, com prevalência de 6 a 10%, representando 20 a 30% dos casos de infertilidade feminina. O quadro clínico da SOP é variável, mas, em geral caracteriza-se por produção excessiva de pêlos e/ou acne, com ausência de ovulação associada a distúrbio menstrual e infertilidade. A SOP é um importante fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (devido a resistência à insulina que normalmente este grupo apresenta), doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão, infertilidade e câncer do endométrio.
Para o tratamento, é primordial mudanças no estilo de vida com introdução de alimentos adequados, suplementação (se necessário) e prática de exercícios físicos regulares, que juntos podem ser um grande aliado para a perda de peso e consequentemente melhora da sensibilidade à insulina, o que pode ser um fator determinante na redução dos sintomas.
Para tratar nutricionalmente uma paciente com SOP dentro da visão da Nutrição Funcional, é imprescindível não somente a tentativa de melhorar os sintomas e a característica da síndrome (como obesidade, resistência à insulina, hiperandrogenia e infertilidade), como também prevenir as patologias a elas associadas, além de tentar restabelecer o equilíbrio bioquímico dos pacientes, respeitando a individualidade de cada uma.
Seguem algumas condutas imprescindíveis para o sucesso do tratamento:
Na sequência, é necessário também ingerir boas fontes de Ômega 3, grãos e cereais integrais, vegetais verdes escuros (priorize os orgânicos sempre que possível), canela, chá verde, cacau, batata Yacon, linhaça, amido resistente (presente na banana verde) além de nutrientes como Vitamina E, Vitamina A, Selênio, Magnésio, Zinco, Manganês, Cromo, Vitamina C, Vitamina D, Ácido Lipóico, Resveratrol, Coenzima Q10, Vanádio, Taurina, N-acetil-cisteína e alimentos de baixo índice glicêmico, pois diminuem as concentrações de insulina no sangue. Índice glicêmico é a velocidade que a glicose chega ao sangue, e esses níveis de glicose que determinam a quantidade de insulina que o pâncreas vai produzir. A insulina é um hormônio que se encarrega de “levar” glicose às células, e converte o excesso que as células não puderam utilizar em gordura corporal.
ALIMENTOS E HÁBITOS QUE DEVEM SER ELIMINADOS (pois reduzem a sensibilidade à insulina):
- Retirar embutidos em geral (presunto, salsicha, linguiça, e similares);
- açúcares (balas, chicletes, doces, biscoitos recheados...);
- carnes vermelhas em excesso;
- longos períodos em jejum (tempo superior a 4 horas);
- sedentarismo;
- refrigerantes de qualquer espécie;
- carboidratos refinados (pães, massas, biscoitos, salgados...);
- leites e derivados;
- comer excessivamente;
- ingestão de gorduras saturadas e trans.
A imagem não ficou boa, por isso é só clicar em cima e "salvar como" em qualquer área que você desejar do seu computador, e depois abrir, ampliar e visualizar a imagem que fala sobre o índice glicêmico baixo, médio e alto.
Essa artigo foi produzido pela nutricionista Silvia Coelho, colaboradora do livro "Nutrição Funcional".
Cristiane de Melo
Bióloga e professora de escola pública do estado do Ceará
Aluna do curso de especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
Para o tratamento, é primordial mudanças no estilo de vida com introdução de alimentos adequados, suplementação (se necessário) e prática de exercícios físicos regulares, que juntos podem ser um grande aliado para a perda de peso e consequentemente melhora da sensibilidade à insulina, o que pode ser um fator determinante na redução dos sintomas.
Para tratar nutricionalmente uma paciente com SOP dentro da visão da Nutrição Funcional, é imprescindível não somente a tentativa de melhorar os sintomas e a característica da síndrome (como obesidade, resistência à insulina, hiperandrogenia e infertilidade), como também prevenir as patologias a elas associadas, além de tentar restabelecer o equilíbrio bioquímico dos pacientes, respeitando a individualidade de cada uma.
Seguem algumas condutas imprescindíveis para o sucesso do tratamento:
Na sequência, é necessário também ingerir boas fontes de Ômega 3, grãos e cereais integrais, vegetais verdes escuros (priorize os orgânicos sempre que possível), canela, chá verde, cacau, batata Yacon, linhaça, amido resistente (presente na banana verde) além de nutrientes como Vitamina E, Vitamina A, Selênio, Magnésio, Zinco, Manganês, Cromo, Vitamina C, Vitamina D, Ácido Lipóico, Resveratrol, Coenzima Q10, Vanádio, Taurina, N-acetil-cisteína e alimentos de baixo índice glicêmico, pois diminuem as concentrações de insulina no sangue. Índice glicêmico é a velocidade que a glicose chega ao sangue, e esses níveis de glicose que determinam a quantidade de insulina que o pâncreas vai produzir. A insulina é um hormônio que se encarrega de “levar” glicose às células, e converte o excesso que as células não puderam utilizar em gordura corporal.
ALIMENTOS E HÁBITOS QUE DEVEM SER ELIMINADOS (pois reduzem a sensibilidade à insulina):
- Retirar embutidos em geral (presunto, salsicha, linguiça, e similares);
- açúcares (balas, chicletes, doces, biscoitos recheados...);
- carnes vermelhas em excesso;
- longos períodos em jejum (tempo superior a 4 horas);
- sedentarismo;
- refrigerantes de qualquer espécie;
- carboidratos refinados (pães, massas, biscoitos, salgados...);
- leites e derivados;
- comer excessivamente;
- ingestão de gorduras saturadas e trans.
A imagem não ficou boa, por isso é só clicar em cima e "salvar como" em qualquer área que você desejar do seu computador, e depois abrir, ampliar e visualizar a imagem que fala sobre o índice glicêmico baixo, médio e alto.
Essa artigo foi produzido pela nutricionista Silvia Coelho, colaboradora do livro "Nutrição Funcional".
Cristiane de Melo
Bióloga e professora de escola pública do estado do Ceará
Aluna do curso de especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
domingo, 8 de maio de 2011
COMO SOBREVIVER AO POSSÍVEL QUASE IMPOSSÍVEL
Pessoal, eu tenho uma dica de site muito bem humorada da revista super interessante, lá você encontra um link chamado "supermanual". É mesmo para morrer de rir, no bom sentido, claro.
Veja alguns tópicos:
."Como sobreviver a um ataque nuclear", afinal de contas todo país tem bomba nuclear, menos o Brasil.
."Como sobreviver a morte do sol", fundamental, ainda mais que o sol só morrerá daqui a alguns bilhões de anos.
."Como escapar do crime organizado", se você mora no Brasil, na Itália ou quem sabe na Rússia, você vai com certeza precisar disso!
."Como ganhar o big brother", todo mundo precisa aprender isso hoje em dia.
Claro, você também precisa aprender uma única posição corporal que vai salvá-lo em casos de terremoto, furacão e deslizamento de terra, no tópico denominado "Como sobreviver a um desastre natural".
Tem ainda "Como sobreviver a um ataque de robós", que útil!
E se você é do tipo que está pensando em pular de paraquedas, como minha amiga Camila, tem uma dica excelente:"Como sobreviver se o paraquedas não abrir"
E o mais hilário, disparado, trata-se de como evitar ser abduzido por alieníginas.O site sugere até usar sal, isso mesmo sal de cozinha, que segundo eles é corrosivo para pele delicada dos alieníginas(como é que eles sabem disso?). Importantíssimo!
Como diria a revista Seleções "Rir é o melhor remédio", no caso da revista Superinteressante desse mês, ficar deprimido é o melhor para tomar atitudes mais coerentes.Seria cômico, se não fosse trágico.Quem disse isso mesmo em?
CRISTIANE DE MELO - ALUNA DA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UECE
Veja alguns tópicos:
."Como sobreviver a um ataque nuclear", afinal de contas todo país tem bomba nuclear, menos o Brasil.
."Como sobreviver a morte do sol", fundamental, ainda mais que o sol só morrerá daqui a alguns bilhões de anos.
."Como escapar do crime organizado", se você mora no Brasil, na Itália ou quem sabe na Rússia, você vai com certeza precisar disso!
."Como ganhar o big brother", todo mundo precisa aprender isso hoje em dia.
Claro, você também precisa aprender uma única posição corporal que vai salvá-lo em casos de terremoto, furacão e deslizamento de terra, no tópico denominado "Como sobreviver a um desastre natural".
Tem ainda "Como sobreviver a um ataque de robós", que útil!
E se você é do tipo que está pensando em pular de paraquedas, como minha amiga Camila, tem uma dica excelente:"Como sobreviver se o paraquedas não abrir"
E o mais hilário, disparado, trata-se de como evitar ser abduzido por alieníginas.O site sugere até usar sal, isso mesmo sal de cozinha, que segundo eles é corrosivo para pele delicada dos alieníginas(como é que eles sabem disso?). Importantíssimo!
Como diria a revista Seleções "Rir é o melhor remédio", no caso da revista Superinteressante desse mês, ficar deprimido é o melhor para tomar atitudes mais coerentes.Seria cômico, se não fosse trágico.Quem disse isso mesmo em?
CRISTIANE DE MELO - ALUNA DA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UECE
quinta-feira, 21 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Nossa... Que falta de absurdo!
A "falta de absurdo" caracteriza a ausência de absurdo, não um absurdo tão absurdo, que outro absurdo possa substituí-lo por ser de maior gravidade!
Todavia, pensando bem, sempre existe a possibilidade de algo absurdo, ser tão absurdo, que os outros absurdos desistam de sua enfadonha existência.
Um bom exemplo é querer educação de qualidade com professor insatisfeito com suas condições de trabalho e de vida!Nossa que "falta de absurdo"!
E a "falta de absurdo" pode se tornar ainda maior quando a própria presidenta Dilma diz "(...)que os professores são as verdadeiras autoridades da educação(...)".Nossa, quase chorei quando ouvi isso, mas logo percebi que não passava da mais total e absoluta "falta de absurdo"! Só falácia, retórica, mas nenhum governante que se preze pode perder uma oportunidade de falar da educação.
E ontem dia 6 de abril finalmente o STF resolveu liberar o piso dos professores, mas ainda permaneceu a dúvida a respeito da carga horária de trabalho.A dúvida que assolou os magistrados foi a seguinte: será que é constitucional o artigo da lei que prevê que o professor precisa ter tempo para planejar e estudar dentro de suas 40 horas semanais?
Que dúvida em?Qual professor precisa de tempo para estudar e planejar?
Depois dessa pessoal, só me resta contar um segredos dos professores, nós não estudamos, muito menos planejamos!E pode acreditar não tem uma aula que não baixe uma entidade em nós professores, por isso, desprezamos a pesquisa e o planejamento pois contamos sempre com a presença dos maiores especialistas, de acordo com o assunto selecionado. Além disso, somos totalmente apolíticos, sem visão de mundo e claro, médiuns!
Isso não é um absurdo, é uma "falta de absurdo".
CRISTIANE DE MELO - ALUNA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UECE
Todavia, pensando bem, sempre existe a possibilidade de algo absurdo, ser tão absurdo, que os outros absurdos desistam de sua enfadonha existência.
Um bom exemplo é querer educação de qualidade com professor insatisfeito com suas condições de trabalho e de vida!Nossa que "falta de absurdo"!
E a "falta de absurdo" pode se tornar ainda maior quando a própria presidenta Dilma diz "(...)que os professores são as verdadeiras autoridades da educação(...)".Nossa, quase chorei quando ouvi isso, mas logo percebi que não passava da mais total e absoluta "falta de absurdo"! Só falácia, retórica, mas nenhum governante que se preze pode perder uma oportunidade de falar da educação.
E ontem dia 6 de abril finalmente o STF resolveu liberar o piso dos professores, mas ainda permaneceu a dúvida a respeito da carga horária de trabalho.A dúvida que assolou os magistrados foi a seguinte: será que é constitucional o artigo da lei que prevê que o professor precisa ter tempo para planejar e estudar dentro de suas 40 horas semanais?
Que dúvida em?Qual professor precisa de tempo para estudar e planejar?
Depois dessa pessoal, só me resta contar um segredos dos professores, nós não estudamos, muito menos planejamos!E pode acreditar não tem uma aula que não baixe uma entidade em nós professores, por isso, desprezamos a pesquisa e o planejamento pois contamos sempre com a presença dos maiores especialistas, de acordo com o assunto selecionado. Além disso, somos totalmente apolíticos, sem visão de mundo e claro, médiuns!
Isso não é um absurdo, é uma "falta de absurdo".
CRISTIANE DE MELO - ALUNA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UECE
quinta-feira, 31 de março de 2011
O SUPER ATLETA ESPERMATOZÓIDE!!!!!!!!!!
Na Natureza, a luta pela sobrevivência entre as espécies começa bem mais cedo. Assim, se dá com o espermatozóide (2,7 milésimos de mm de comprimento é 85 mil vezes menor que o óvulo) na corrida pela fecundação do óvulo. Nos mamíferos, especialmente, no homem, esse pequeno atleta se prepara durante 74 dias para a mais longa e desgastante corrida da sua vida. Durante a maratona – 14 horas -, ele enfrenta a concorrência de milhões de outros espermatozóides que têm apenas um objetivo: Fertilizar o óvulo que está à espera da carga genética trazida pelo atleta vitorioso.
Ao que parece, a quantidade de espermatozóides ejaculada pelo macho de determinada espécie está ligada a um fator de disputa dos machos pela fêmea. Assim, nos gorilas, a quantidade de espermatozóides não passa dos 65 milhões; para outras espécies de primatas cuja disputa pela fêmea é mais intensa, a quantidade pode atingir 2 bilhões por ejaculação.
Para poupar energia para a viagem que terão que fazer rumo à fertilização, os espermatozóides permanecem imóveis até o momento da largada. Abaixo da cabeça do espermatozóide há uma espécie de bateria carregada de mitocôndrias, estruturas responsáveis pelo fornecimento de energia durante todo processo. Uma largada que - no caso da espécie humana – pode ter 500 milhões de indivíduos. Mas, em um homem fértil, somente 20% dos espermatozóides têm o tamanho e a forma ideal. Nos testículos humanos são produzidos 3.000 espermatozóides a cada batida do coração. Durante a viagem, o combustível usado é a frutose produzida na vesícula seminal. A única ajuda que os espermatozóides recebem em sua maratona vem da prostaglandina presente no líquido espermático que faz o útero se contrair impulsionando-os em direção às tubas uterinas. Quase tudo no aparelho reprodutor da fêmea atua contra os espermatozóides de maneira que, após 30 minutos no útero, pelo menos 99% deles já estão mortos. O útero está equipado com ferramentas – entre elas, os leucócitos que os englobam e despedaçam – para destruir os espermatozóides. Quase todo o aparelho reprodutor da fêmea foi projetado para matar os espermatozóides. Para elucidar parte do sacrifício que o espermatozóide humano terá que fazer, pesquisadores calculam que, o percurso desde a larga até a linha de chegada pode ser comparado a uma distância de 3.000 quilômetros nadados - pelo homem - em um charco lamacento e viscoso. E todo esse percurso – dos testículos até o óvulo - é feito em apenas 14 horas. Portanto, um desempenho extraordinário – em termos humanos, uma velocidade média 214 quilômetros por hora ou 60 metros por segundo – e impossível do ponto de vista de um ser humano. Apenas o colo do útero representa uma altura de um prédio de 10 andares. Depois de vencer essa subida, entram no colo do útero e somente 1% dos que entram tem chance de atravessá-lo. Dos milhões de espermatozóides que largaram somente 3.000 aproximadamente entra no útero. O muco produzido pelo aparelho genital da fêmea durante a fase fértil, sob a influência dos estrogênios também oferece uma das maiores barreiras – embora o estrógeno amacie o muco uterino, tornando-o mais fluído - aos espermatozóides na escalada rumo à fecundação. No caso específico de espécies como a égua que têm um aparelho genital mais longo, por exemplo, pode-se concluir que a energia exigida para concluir o percurso será ainda maior. Além do longo caminho a percorrer, o espermatozóide ainda terá que enfrentar outras dificuldades, como por exemplo, a pressão com que são arremessados contra as paredes da uretra durante a ejaculação Essa pressão é comparada a uma onda marítima de 4 metros de altura sobre um banhista. O espermatozóide ainda tem que abanar a cauda e a cabeça para um lado e para outro, numa frequência de aproximadamente 500 vezes por minuto. Não bastasse o longo caminho até o óvulo, deixando para trás milhões de concorrentes, na chegada, ele ainda tem que reunir forças para romper a zona pelúcida que reveste o óvulo. Mas, aquele que chegar primeiro não é ainda o vencedor. Os poucos que conseguem chegar ainda têm que romper o óvulo, dando início à fecundação. Para isso, ele carrega - na cabeça - uma espécie de bolsa (acrossomo), carregada de uma enzima (hialuronidase inespecífica que degrada o ácido hialurônico). A enzima é despejada sobre o óvulo, destruindo a pelúcida, permitindo a entrada do espermatozóide. Dos milhões de espermatozóides ejaculados – pelo homem - somente uns 200 chegam ao final da corrida. Os espermatozóides portadores do cromossomo Y (aquele que determina o sexo masculino), por serem mais leves e mais ágeis, chegam primeiro e trabalham durante cerca de 6 horas para romper o óvulo. Os espermatozóides portadores do cromossomo X (determinante do sexo feminino), mais pesados chegam por último e encontram uma zona pelúcida - trabalhada pelos espermatozóides portadores do cromossomo Y - mais fácil de ser penetrada. Assim, a chance de um espermatozóide portador do cromossomo X realizar a fertilização é maior que a do cromossomo Y que, embora tenha chegado primeiro e preparado tudo, já estava desgastado quando chegaram os cromossomos X. Assim, a quantidade de fêmeas que nasce é ligeiramente maior que a quantidade de machos.
Enquanto o cromossomo X é portador de 1.500 genes, o cromossomo Y tem apenas 78. O fato do espermatozóide portador do cromossomo Y apresentar um número insignificante de genes em relação ao cromossomo X - para alguns cientistas – dá possibiidade que nos próximos 125.000 anos, ele possa desaparecer da espécie humana; permitindo que,
O encontro entre espermatozóide e óvulo não é um acontecimento aleatório ou casual. Há estudos que comprovam que há uma espécie de comunicação química entre eles. Colocados – junto com um óvulo - numa placa de petri, por exemplo, os espermatóides passam a se locomover em direção a esse; não apresentando, portanto, movimento aleatório.
As dificuldades enfrentadas por um espermatozóide na realização de sua tarefa, não são obras do acaso. A Natureza foi projetada para a evolução. As dificuldades enfrentadas por uma determinada espécie constituem uma das ferramentas necessárias ao processo evolutivo. Então, por que não começar com os espermatozóides? Imagine uma fertilização sendo feita por um espermatozóide deficiente ou anâmalo? Seria um desastre para a espécie em questão. Por isso, a necessidade de tantos obstáculos – enfrentadas pelo espermatozóide – na corrida rumo à fertilização.
Siqueira, A. Alves de. Biologia de Animais Selvagens – ecologia em foco – O Fantástico Mundo dos Vertebrados. Volume I 428 pp.
Ao que parece, a quantidade de espermatozóides ejaculada pelo macho de determinada espécie está ligada a um fator de disputa dos machos pela fêmea. Assim, nos gorilas, a quantidade de espermatozóides não passa dos 65 milhões; para outras espécies de primatas cuja disputa pela fêmea é mais intensa, a quantidade pode atingir 2 bilhões por ejaculação.
Para poupar energia para a viagem que terão que fazer rumo à fertilização, os espermatozóides permanecem imóveis até o momento da largada. Abaixo da cabeça do espermatozóide há uma espécie de bateria carregada de mitocôndrias, estruturas responsáveis pelo fornecimento de energia durante todo processo. Uma largada que - no caso da espécie humana – pode ter 500 milhões de indivíduos. Mas, em um homem fértil, somente 20% dos espermatozóides têm o tamanho e a forma ideal. Nos testículos humanos são produzidos 3.000 espermatozóides a cada batida do coração. Durante a viagem, o combustível usado é a frutose produzida na vesícula seminal. A única ajuda que os espermatozóides recebem em sua maratona vem da prostaglandina presente no líquido espermático que faz o útero se contrair impulsionando-os em direção às tubas uterinas. Quase tudo no aparelho reprodutor da fêmea atua contra os espermatozóides de maneira que, após 30 minutos no útero, pelo menos 99% deles já estão mortos. O útero está equipado com ferramentas – entre elas, os leucócitos que os englobam e despedaçam – para destruir os espermatozóides. Quase todo o aparelho reprodutor da fêmea foi projetado para matar os espermatozóides. Para elucidar parte do sacrifício que o espermatozóide humano terá que fazer, pesquisadores calculam que, o percurso desde a larga até a linha de chegada pode ser comparado a uma distância de 3.000 quilômetros nadados - pelo homem - em um charco lamacento e viscoso. E todo esse percurso – dos testículos até o óvulo - é feito em apenas 14 horas. Portanto, um desempenho extraordinário – em termos humanos, uma velocidade média 214 quilômetros por hora ou 60 metros por segundo – e impossível do ponto de vista de um ser humano. Apenas o colo do útero representa uma altura de um prédio de 10 andares. Depois de vencer essa subida, entram no colo do útero e somente 1% dos que entram tem chance de atravessá-lo. Dos milhões de espermatozóides que largaram somente 3.000 aproximadamente entra no útero. O muco produzido pelo aparelho genital da fêmea durante a fase fértil, sob a influência dos estrogênios também oferece uma das maiores barreiras – embora o estrógeno amacie o muco uterino, tornando-o mais fluído - aos espermatozóides na escalada rumo à fecundação. No caso específico de espécies como a égua que têm um aparelho genital mais longo, por exemplo, pode-se concluir que a energia exigida para concluir o percurso será ainda maior. Além do longo caminho a percorrer, o espermatozóide ainda terá que enfrentar outras dificuldades, como por exemplo, a pressão com que são arremessados contra as paredes da uretra durante a ejaculação Essa pressão é comparada a uma onda marítima de 4 metros de altura sobre um banhista. O espermatozóide ainda tem que abanar a cauda e a cabeça para um lado e para outro, numa frequência de aproximadamente 500 vezes por minuto. Não bastasse o longo caminho até o óvulo, deixando para trás milhões de concorrentes, na chegada, ele ainda tem que reunir forças para romper a zona pelúcida que reveste o óvulo. Mas, aquele que chegar primeiro não é ainda o vencedor. Os poucos que conseguem chegar ainda têm que romper o óvulo, dando início à fecundação. Para isso, ele carrega - na cabeça - uma espécie de bolsa (acrossomo), carregada de uma enzima (hialuronidase inespecífica que degrada o ácido hialurônico). A enzima é despejada sobre o óvulo, destruindo a pelúcida, permitindo a entrada do espermatozóide. Dos milhões de espermatozóides ejaculados – pelo homem - somente uns 200 chegam ao final da corrida. Os espermatozóides portadores do cromossomo Y (aquele que determina o sexo masculino), por serem mais leves e mais ágeis, chegam primeiro e trabalham durante cerca de 6 horas para romper o óvulo. Os espermatozóides portadores do cromossomo X (determinante do sexo feminino), mais pesados chegam por último e encontram uma zona pelúcida - trabalhada pelos espermatozóides portadores do cromossomo Y - mais fácil de ser penetrada. Assim, a chance de um espermatozóide portador do cromossomo X realizar a fertilização é maior que a do cromossomo Y que, embora tenha chegado primeiro e preparado tudo, já estava desgastado quando chegaram os cromossomos X. Assim, a quantidade de fêmeas que nasce é ligeiramente maior que a quantidade de machos.
Enquanto o cromossomo X é portador de 1.500 genes, o cromossomo Y tem apenas 78. O fato do espermatozóide portador do cromossomo Y apresentar um número insignificante de genes em relação ao cromossomo X - para alguns cientistas – dá possibiidade que nos próximos 125.000 anos, ele possa desaparecer da espécie humana; permitindo que,
O encontro entre espermatozóide e óvulo não é um acontecimento aleatório ou casual. Há estudos que comprovam que há uma espécie de comunicação química entre eles. Colocados – junto com um óvulo - numa placa de petri, por exemplo, os espermatóides passam a se locomover em direção a esse; não apresentando, portanto, movimento aleatório.
As dificuldades enfrentadas por um espermatozóide na realização de sua tarefa, não são obras do acaso. A Natureza foi projetada para a evolução. As dificuldades enfrentadas por uma determinada espécie constituem uma das ferramentas necessárias ao processo evolutivo. Então, por que não começar com os espermatozóides? Imagine uma fertilização sendo feita por um espermatozóide deficiente ou anâmalo? Seria um desastre para a espécie em questão. Por isso, a necessidade de tantos obstáculos – enfrentadas pelo espermatozóide – na corrida rumo à fertilização.
Siqueira, A. Alves de. Biologia de Animais Selvagens – ecologia em foco – O Fantástico Mundo dos Vertebrados. Volume I 428 pp.
quarta-feira, 23 de março de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
AOS HOMENS...
Resolvi fazer um comentário a respeito dessa entrevista apresentada no post anterior que demonstra um tom, que a Ministra resolveu não escancarar, talvez pela natureza do seu cargo , mas é machismo puro, mesmo!
Os machos dessa sociedade que se acham justos esperam que as fêmeas acuadas retirem suas acusações contra outros machos tão menos evoluídos quanto eles.
Por quê? Porque são machos e acham que estão na sociedade dos leões marinhos, por isso podem se impor diante de todas as fêmeas , incluindo a Ministra, que infelizmente para alguns é mulher.Para entender melhor do que estou falando, leia um novo trecho da entrevista realizada pela Agência Brasil com a Ministra da Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes e saiba quem são esses machos que se acham acima do bem e do mal e de mulheres então nem se fala:
ABr – A senhora esperava esse embate com setores do Judiciário?
Iriny – Não se trata disso. Há questões que temos que enfrentar de forma decisiva e estou me esforçando nesse diálogo. Houve uma decisão recente no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que nós, do governo, consideramos muito ruim. A decisão dá um prazo à mulher para ver se ela vai mesmo manter a ação. O agressor, ao saber disso, vai agir. A intimidação da vítima, nesse caso, é líquida e certa.
ABr – A senhora considera que essa decisão tem um caráter discriminatório?
Iriny – Sim. Quando se tem uma briga entre dois homens, por um motivo qualquer, um deles registra queixa e isso evolui para um processo, nunca se pergunta a ele se ele quer retirar a queixa ou não. Muito menos é dado a ele prazo para confirmar essa denúncia. Por que essa distinção em relação à mulher? Por que a Justiça tem que perguntar isso a uma mulher? Ela é vítima de agressão, ela apresentou denúncia. A denúncia foi objeto de inquérito, que originou uma denúncia do Ministério Público para, depois, virar um processo. Nesse tempo todo, se ela tivesse se arrependido, ela poderia ter ido lá e falado: "Doutor, quero retirar a queixa". Não tem porque o Judiciário perguntar isso a ela.
ABr – Outro questionamento é em relação à especificidade da própria lei que protege as mulheres. Como driblar isso?
Iriny – Já me perguntaram, ao vivo, em uma entrevista: por que não há, então, uma lei especial para homens? Eu simplesmente respondi: porque não precisa. Os homens não são agredidos porque são homens. Eles são agredidos em brigas por ciúme, por bebida, por qualquer outra coisa, mas não por serem homens. Já a agressão de gênero ocorre só contra a mulher. É por isso que há a necessidade da lei. A motivação da agressão por gênero não consegue ser atingida pela legislação comum.
ABr – Que características a senhora enxerga na chamada “violência de gênero”? Como caracterizar esse tipo de crime?
Iriny – É uma violência que vem em uma curva crescente. Começa com uma agressão psicológica, do tipo: 'Você está parecendo uma p... com essa saia', 'Não tinha uma outra roupa não?', 'Esse batom está escandaloso', 'Nossa, tenho até vergonha de ficar perto de você'. Depois passa para ameaça. O parceiro diz: 'Se você for trabalhar com essa roupa, não precisa mais voltar porque você não entra mais aqui'. Depois passa para uma sacudida, depois um tapa, depois uma surra, depois o corte de dinheiro. Não passa um recurso no caso de haver um só provedor, depois cárcere privado, deixa a mulher trancada e diz que só pode sair com ele. Se sair sem ele, quando voltar, mais surra, até chegar à morte, que pode acontecer de forma premeditada ou mesmo em consequência das sucessivas violências. Vai batendo, batendo, até a mulher não resistir. É por isso que esse tipo de crime tem que ter uma legislação específica que não podemos chamar nem de especial. Trata-se de uma legislação especializada(...)Da Agência Brasil
E para encerrar o assunto temporariamente, hoje a tarde deixaram alguns cachorrinhos na porta da minha casa, tão pequenos e tão indefesos, mas não eram eles, eram elas, somente elas, é isso aí três cadelinhas abandonadas, sem nenhum macho no meio da ninhada, não me causou nenhum espanto,porque até na sociedade canina,as primeiras a serem desprezadas são as fêmeas porque procriam, porque atraem machos durante o cio e constransgem a todos com o seu sexo livre nas ruas da cidade.
A fêmea da sociedade canina carrega um estigma e na sociedade humana, muitas vezes não é diferente, a mulher é estigmatizada pela falta de acesso à educação, por não ter autonomia financeira e por não ter como se proteger, nem sobreviver, vive seu sofrimento calada e submetida a violência física e psicológica como disse a Ministra.
Ah!As cadelinhas estão comigo!Eu e meu marido, que é um homem sensível,resolvemos acolhê-las para buscar uma adoção de alguém que ame as fêmeas pelo o que elas são e não pelo o que gostariam que elas fossem.
Quem desejar conhecê-las é só postar um comentário!
Cristiane de Melo - Aluna do curso de Especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
Os machos dessa sociedade que se acham justos esperam que as fêmeas acuadas retirem suas acusações contra outros machos tão menos evoluídos quanto eles.
Por quê? Porque são machos e acham que estão na sociedade dos leões marinhos, por isso podem se impor diante de todas as fêmeas , incluindo a Ministra, que infelizmente para alguns é mulher.Para entender melhor do que estou falando, leia um novo trecho da entrevista realizada pela Agência Brasil com a Ministra da Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes e saiba quem são esses machos que se acham acima do bem e do mal e de mulheres então nem se fala:
ABr – A senhora esperava esse embate com setores do Judiciário?
Iriny – Não se trata disso. Há questões que temos que enfrentar de forma decisiva e estou me esforçando nesse diálogo. Houve uma decisão recente no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que nós, do governo, consideramos muito ruim. A decisão dá um prazo à mulher para ver se ela vai mesmo manter a ação. O agressor, ao saber disso, vai agir. A intimidação da vítima, nesse caso, é líquida e certa.
ABr – A senhora considera que essa decisão tem um caráter discriminatório?
Iriny – Sim. Quando se tem uma briga entre dois homens, por um motivo qualquer, um deles registra queixa e isso evolui para um processo, nunca se pergunta a ele se ele quer retirar a queixa ou não. Muito menos é dado a ele prazo para confirmar essa denúncia. Por que essa distinção em relação à mulher? Por que a Justiça tem que perguntar isso a uma mulher? Ela é vítima de agressão, ela apresentou denúncia. A denúncia foi objeto de inquérito, que originou uma denúncia do Ministério Público para, depois, virar um processo. Nesse tempo todo, se ela tivesse se arrependido, ela poderia ter ido lá e falado: "Doutor, quero retirar a queixa". Não tem porque o Judiciário perguntar isso a ela.
ABr – Outro questionamento é em relação à especificidade da própria lei que protege as mulheres. Como driblar isso?
Iriny – Já me perguntaram, ao vivo, em uma entrevista: por que não há, então, uma lei especial para homens? Eu simplesmente respondi: porque não precisa. Os homens não são agredidos porque são homens. Eles são agredidos em brigas por ciúme, por bebida, por qualquer outra coisa, mas não por serem homens. Já a agressão de gênero ocorre só contra a mulher. É por isso que há a necessidade da lei. A motivação da agressão por gênero não consegue ser atingida pela legislação comum.
ABr – Que características a senhora enxerga na chamada “violência de gênero”? Como caracterizar esse tipo de crime?
Iriny – É uma violência que vem em uma curva crescente. Começa com uma agressão psicológica, do tipo: 'Você está parecendo uma p... com essa saia', 'Não tinha uma outra roupa não?', 'Esse batom está escandaloso', 'Nossa, tenho até vergonha de ficar perto de você'. Depois passa para ameaça. O parceiro diz: 'Se você for trabalhar com essa roupa, não precisa mais voltar porque você não entra mais aqui'. Depois passa para uma sacudida, depois um tapa, depois uma surra, depois o corte de dinheiro. Não passa um recurso no caso de haver um só provedor, depois cárcere privado, deixa a mulher trancada e diz que só pode sair com ele. Se sair sem ele, quando voltar, mais surra, até chegar à morte, que pode acontecer de forma premeditada ou mesmo em consequência das sucessivas violências. Vai batendo, batendo, até a mulher não resistir. É por isso que esse tipo de crime tem que ter uma legislação específica que não podemos chamar nem de especial. Trata-se de uma legislação especializada(...)Da Agência Brasil
E para encerrar o assunto temporariamente, hoje a tarde deixaram alguns cachorrinhos na porta da minha casa, tão pequenos e tão indefesos, mas não eram eles, eram elas, somente elas, é isso aí três cadelinhas abandonadas, sem nenhum macho no meio da ninhada, não me causou nenhum espanto,porque até na sociedade canina,as primeiras a serem desprezadas são as fêmeas porque procriam, porque atraem machos durante o cio e constransgem a todos com o seu sexo livre nas ruas da cidade.
A fêmea da sociedade canina carrega um estigma e na sociedade humana, muitas vezes não é diferente, a mulher é estigmatizada pela falta de acesso à educação, por não ter autonomia financeira e por não ter como se proteger, nem sobreviver, vive seu sofrimento calada e submetida a violência física e psicológica como disse a Ministra.
Ah!As cadelinhas estão comigo!Eu e meu marido, que é um homem sensível,resolvemos acolhê-las para buscar uma adoção de alguém que ame as fêmeas pelo o que elas são e não pelo o que gostariam que elas fossem.
Quem desejar conhecê-las é só postar um comentário!
Cristiane de Melo - Aluna do curso de Especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
terça-feira, 8 de março de 2011
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHER
Questionamento à Lei Maria da Penha é carregado de intolerância e preconceito
Hoje(8) é o Dia Internacional da Mulher e, para a ministra da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, há avanços para se comemorar, mas, também, muita preocupação com a consolidação dos direitos alcançados. Uma ameaça real às conquistas dos últimos tempos, na sua opinião, são os questionamentos da constitucionalidade da Lei Maria da Penha que, hoje, se reproduzem em várias comarcas e tribunais.
A lei que garante punição para a violência cometida dentro de casa, motivada pela questão de gênero, chegou a ser classificada como “diabólica” por um juiz. Além disso, o artigo que garante que a vítima não será coagida a retirar a denúncia vem sendo questionado nos tribunais superiores. Para Iriny Lopes, há “intolerância e preconceito”.
A ministra assumiu como primeira tarefa de sua gestão estabelecer um diálogo com os magistrados para sensibilizá-los da importância da aplicação da lei tal como foi aprovada. Segundo ela, os juízes precisam aproximar-se mais das questões da população. “A alma da Lei Maria da Penha é que a mulher não seja coagida”, disse a ministra, em entrevista à Agência Brasil. Iriny também defendeu a formação de um banco de dados confiável para medir a dimensão da violência contra as mulheres.
Veja um trecho da entrevista:
Agência Brasil – A Lei Maria da Penha foi aprovada e sancionada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas, até hoje, há problemas com sua aplicação efetiva. Até a constitucionalidade da lei que protege as mulheres em relação à violência cometida dentro de casa vem sendo discutida no meio judiciário. Um juiz da cidade mineira de Sete Lagoas chegou a chamar a lei de “diabólica”. Como convencer as pessoas da necessidade de aplicação dessa lei?
Iriny Lopes – Primeiramente, seria prudente, seria bom para o Brasil que o Poder Judiciário se aproximasse um pouco mais do que são os anseios da população. A Lei Maria da Penha foi considerada pelas Nações Unidas como uma das três melhores legislações do mundo de proteção à mulher e instrumento eficaz e rigoroso contra a violência doméstica. Uma pesquisa recente mostra que 63% dos brasileiros conhecem e apoiam a Lei Maria da Penha. É um índice altíssimo. Nós poderíamos arriscar a dizer que é a lei brasileira mais popular de toda a história. O que ocorre no interior do Judiciário reflete o que vai também na sociedade. Em alguns casos, eu não generalizo, trata-se de intolerância e preconceito.
Da Agência Brasil
Hoje(8) é o Dia Internacional da Mulher e, para a ministra da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, há avanços para se comemorar, mas, também, muita preocupação com a consolidação dos direitos alcançados. Uma ameaça real às conquistas dos últimos tempos, na sua opinião, são os questionamentos da constitucionalidade da Lei Maria da Penha que, hoje, se reproduzem em várias comarcas e tribunais.
A lei que garante punição para a violência cometida dentro de casa, motivada pela questão de gênero, chegou a ser classificada como “diabólica” por um juiz. Além disso, o artigo que garante que a vítima não será coagida a retirar a denúncia vem sendo questionado nos tribunais superiores. Para Iriny Lopes, há “intolerância e preconceito”.
A ministra assumiu como primeira tarefa de sua gestão estabelecer um diálogo com os magistrados para sensibilizá-los da importância da aplicação da lei tal como foi aprovada. Segundo ela, os juízes precisam aproximar-se mais das questões da população. “A alma da Lei Maria da Penha é que a mulher não seja coagida”, disse a ministra, em entrevista à Agência Brasil. Iriny também defendeu a formação de um banco de dados confiável para medir a dimensão da violência contra as mulheres.
Veja um trecho da entrevista:
Agência Brasil – A Lei Maria da Penha foi aprovada e sancionada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas, até hoje, há problemas com sua aplicação efetiva. Até a constitucionalidade da lei que protege as mulheres em relação à violência cometida dentro de casa vem sendo discutida no meio judiciário. Um juiz da cidade mineira de Sete Lagoas chegou a chamar a lei de “diabólica”. Como convencer as pessoas da necessidade de aplicação dessa lei?
Iriny Lopes – Primeiramente, seria prudente, seria bom para o Brasil que o Poder Judiciário se aproximasse um pouco mais do que são os anseios da população. A Lei Maria da Penha foi considerada pelas Nações Unidas como uma das três melhores legislações do mundo de proteção à mulher e instrumento eficaz e rigoroso contra a violência doméstica. Uma pesquisa recente mostra que 63% dos brasileiros conhecem e apoiam a Lei Maria da Penha. É um índice altíssimo. Nós poderíamos arriscar a dizer que é a lei brasileira mais popular de toda a história. O que ocorre no interior do Judiciário reflete o que vai também na sociedade. Em alguns casos, eu não generalizo, trata-se de intolerância e preconceito.
Da Agência Brasil
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Políticas Públicas de Educação: você já ouviu falar em Primeiro aprender?
Por Cristiane de Melo
Por favor não me entenda mal meu "querido" chefe Cid Gomes, governador do Estado do Ceará, não é uma crítica, só uma constatação, mas sabe aquele programa Primeiro Aprender, que foi implantado no 1° ano do Ensino Médio nas escolas estaduais do Ceará, é um grande desperdício de dinheiro público.
Só lembrando não é uma crítica o que vou enumerar abaixo, mas só um alerta porque eu acho que seus assessores não estão lhe dando um retorno correto desse projeto.
Só para começar o projeto gráfico e o conteúdo descrito levou a maioria dos professores (eu disse a maioria e não todos!Não vamos generalizar!) a pensar que seria melhor não cercear, nem imaginar que os alunos tão pobres de conhecimento, fossem tão ignorantes.
Os próprios alunos, que ainda estão em fase de formação, dispararam: "quem pensa que nós somos tão desprovidos de inteligência"(não exatamente com essas palavras, mas resolvi deixar os equinos de fora desse texto).
E os livros relegados a segundo plano, só para complementar...aquela apostila do Primeiro Aprender!Santo Deus!Isso não é Política Pública não!É apolítica.
Críticas, por favor postem nos comentários, pois sei que tem gente que defende o "Primeiro Aprender". Claro!Alegam que é uma tentativa do governo de melhorar a educação.Então pronto já tentou!Agora pode recolher as apostilas que não deu certo, além de ser totalmente antiecológico, tanta árvore derrubada para nada!
Quem sabe o Cid, governador do Ceará, não ler meu blog!A internet é democrática pessoal, tem que acreditar!
Não!Não é uma crítica, só uma constatação!
Cristiane de Melo - Aluna do curso de Especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
Por favor não me entenda mal meu "querido" chefe Cid Gomes, governador do Estado do Ceará, não é uma crítica, só uma constatação, mas sabe aquele programa Primeiro Aprender, que foi implantado no 1° ano do Ensino Médio nas escolas estaduais do Ceará, é um grande desperdício de dinheiro público.
Só lembrando não é uma crítica o que vou enumerar abaixo, mas só um alerta porque eu acho que seus assessores não estão lhe dando um retorno correto desse projeto.
Só para começar o projeto gráfico e o conteúdo descrito levou a maioria dos professores (eu disse a maioria e não todos!Não vamos generalizar!) a pensar que seria melhor não cercear, nem imaginar que os alunos tão pobres de conhecimento, fossem tão ignorantes.
Os próprios alunos, que ainda estão em fase de formação, dispararam: "quem pensa que nós somos tão desprovidos de inteligência"(não exatamente com essas palavras, mas resolvi deixar os equinos de fora desse texto).
E os livros relegados a segundo plano, só para complementar...aquela apostila do Primeiro Aprender!Santo Deus!Isso não é Política Pública não!É apolítica.
Críticas, por favor postem nos comentários, pois sei que tem gente que defende o "Primeiro Aprender". Claro!Alegam que é uma tentativa do governo de melhorar a educação.Então pronto já tentou!Agora pode recolher as apostilas que não deu certo, além de ser totalmente antiecológico, tanta árvore derrubada para nada!
Quem sabe o Cid, governador do Ceará, não ler meu blog!A internet é democrática pessoal, tem que acreditar!
Não!Não é uma crítica, só uma constatação!
Cristiane de Melo - Aluna do curso de Especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
Crítica às Políticas Públicas de Transporte Urbano em Fortaleza
Por Cristiane de Melo
A falta de implementação das Políticas Públicas de transporte da capital fortaleza, como por exemplo: a melhoria das vias de acesso, ausência de corredores exclusivos de ônibus, veículos insuficientes, gerando a superlotação desses, são questões que denunciam a falta de planejamento urbano e que causam profunda indignação nos usuários do transporte público, inclusive dessa que vos escreve, que sente na pele a falta de respeito da administração pública dessa cidade, diariamente.
Precisamos então fazer uma reflexão sobre todos esses problemas mais do que conhecidos por todos. Estariam eles, os problemas, dentro do “estado das coisas” , ou seja, não está na pauta de nenhuma Política Pública, ou é uma questão recorrente que não tem dinheiro suficiente para se resolver, por isso ainda não foi resolvido.
Desconfio que nem uma coisa, nem outra, o que falta mesmo é vontade política, acabar com a corrupção e os privilégios dos empresários.Nem vou entrar no mérito da falta de competência, porque analisando sobre o prisma anterior parece ser inferior e inadequado.
Poderíamos então imaginar que o preço da passagem fosse irrisório?Por que os usuários são tratados como peixes enlatados, então o preço deve ser de sardinha? Mas não é. Veja só notícia do Diário do Nordeste on line:
Após um mês e meio de negociações, foi anunciado na tarde de ontem, na sede da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), o segundo reajuste na tarifa de ônibus da Capital em oito anos de gestão. A passagem que em 2004 custava R$ 1,60, em maio de 2009 foi para R$ 1,80, agora terá o valor de R$ 2,00, o que representa um aumento de 11,1%, se comparado com antiga tarifa. A meia- passagem continua ilimitada e o novo preço passa a vigorar a partir do dia 6 de março.Jornalista Thaís Lavor
(Em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=939124)
E o meio de transporte que não é dos melhores, é caro, e quem precisa de ônibus, não se sinta constrangido, menos ainda desrespeitado, porque a prefeita Luizianne Lins disse que a “cidade é bela”.
Lembre-se ainda do que disse o cantor e compositor Gonzaguinha , no fragmento da canção "Comportamento geral" apresentado abaixo:
(...)Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: "Muito obrigado"
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
Deve pois só fazer pelo bem da Nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um Fuscão no juízo final
E diploma de bem comportado
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?
Você merece, você merece(...)
Cristiane de Melo - Aluna do curso de Especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
A falta de implementação das Políticas Públicas de transporte da capital fortaleza, como por exemplo: a melhoria das vias de acesso, ausência de corredores exclusivos de ônibus, veículos insuficientes, gerando a superlotação desses, são questões que denunciam a falta de planejamento urbano e que causam profunda indignação nos usuários do transporte público, inclusive dessa que vos escreve, que sente na pele a falta de respeito da administração pública dessa cidade, diariamente.
Precisamos então fazer uma reflexão sobre todos esses problemas mais do que conhecidos por todos. Estariam eles, os problemas, dentro do “estado das coisas” , ou seja, não está na pauta de nenhuma Política Pública, ou é uma questão recorrente que não tem dinheiro suficiente para se resolver, por isso ainda não foi resolvido.
Desconfio que nem uma coisa, nem outra, o que falta mesmo é vontade política, acabar com a corrupção e os privilégios dos empresários.Nem vou entrar no mérito da falta de competência, porque analisando sobre o prisma anterior parece ser inferior e inadequado.
Poderíamos então imaginar que o preço da passagem fosse irrisório?Por que os usuários são tratados como peixes enlatados, então o preço deve ser de sardinha? Mas não é. Veja só notícia do Diário do Nordeste on line:
Após um mês e meio de negociações, foi anunciado na tarde de ontem, na sede da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), o segundo reajuste na tarifa de ônibus da Capital em oito anos de gestão. A passagem que em 2004 custava R$ 1,60, em maio de 2009 foi para R$ 1,80, agora terá o valor de R$ 2,00, o que representa um aumento de 11,1%, se comparado com antiga tarifa. A meia- passagem continua ilimitada e o novo preço passa a vigorar a partir do dia 6 de março.Jornalista Thaís Lavor
(Em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=939124)
E o meio de transporte que não é dos melhores, é caro, e quem precisa de ônibus, não se sinta constrangido, menos ainda desrespeitado, porque a prefeita Luizianne Lins disse que a “cidade é bela”.
Lembre-se ainda do que disse o cantor e compositor Gonzaguinha , no fragmento da canção "Comportamento geral" apresentado abaixo:
(...)Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: "Muito obrigado"
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
Deve pois só fazer pelo bem da Nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um Fuscão no juízo final
E diploma de bem comportado
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?
Você merece, você merece(...)
Cristiane de Melo - Aluna do curso de Especialização em Gestão em Saúde Pública da UECE
Pernambuco e a sua Nova Política Ambiental
Hélvio Polito Lopes Filho
Pernambuco tem o que comemorar com a sanção, pelo Governador Eduardo Campos, no dia 17 de junho de 2010, de duas importantes Leis de Políticas Públicas Ambientais, a Lei 14.090/2010 (que Institui a Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas de Pernambuco) e a Lei 14.091/2010 (que Institui a Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca).
“É impressionante a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer.”, já dizia Caetano Veloso.
Estas Leis, nascem justamente no dia 17 de junho, quando em mensagem pelo Dia Mundial de Combate à Desertificação, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, lembra que mais de um bilhão de pessoas pobres e vulneráveis vivem em terras secas no mundo.
O Secretário-Geral da ONU, disse da necessidade de combater à desertificação no mundo como forma de evitar a fome, a pobreza e as tensões sociais. Pernambuco faz a sua parte.
Em 2008, os governos dos 11 estados da federação possuidores de Áreas Susceptíveis de Desertificação (ASD), em parceria com a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SDR) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), iniciaram o processo de construção de seus respectivos Programas de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAEs). Pernambuco fez um grande esforço conjunto entre poder público e a sociedade civil e apresentou o primeiro Programa Estadual, dentre todos os estados envolvidos, renovando o pioneirismo, a vanguarda e a coragem de nossa gente em inovar e avançar.
Agora Pernambuco apresenta a primeira Lei Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, fruto da formulação participativa com o desenho das demandas de cada região do estado, gerando a construção de um documento legal que contempla a realidade local e orienta os gestores públicos e tomadores de decisão, em bases técnicas, refletindo os anseios dos diversos setores sociais envolvidos no processo de desenvolvimento e implementação de políticas, planos, programas e projetos voltados ao enfrentamento das questões da vulnerabilidade de nosso semiárido pernambucano, quanto à questão da desertificação.
Devemos lembrar que desertificação é a ação humana que pode gerar áreas de deserto, pela utilização não racional dos recursos naturais em áreas áridas, semiáridas e subúmidas secas do planeta, diferente do termo desertização que é a formação de desertos pelos eventos climáticos gerados pela natureza. A nova Lei de Pernambuco busca enfrentar a ação danosa do homem sobre as Áreas Susceptíveis de Desertificação, evitando que a cobiça e a ignorância na utilização degradadora dos recursos naturais de nosso semiárido, não comprometam as gerações do futuro.
Quanto a questão das mudanças Climáticas, Pernambuco tem um papel relevante no seu enfrentamento e na adaptação de seus efeitos. Por um lado é altamente vulnerável aos efeitos negativos das mudanças do clima, em especial nas áreas litorâneas com baixa declividade (entre 2 e 4 metros ao nível do mar), volumosa drenagem superficial, nível elevado do lençol freático, impermeabilização do solo e a maior densidade demográfica em litoral por estado no Brasil (são 913 habitantes por quilometro quadrado) tendo ainda grande porção do Estado sujeita à desertificação (90.68% do território estadual com Áreas Susceptíveis a Desertificação). Por outro lado, enquanto o horizonte de expansão do sistema elétrico e energético brasileiro tem se baseado no aumento da participação de fontes não renováveis de energia, o estado do Pernambuco se apresenta com significativo aumento de energias renováveis na sua matriz energética (biomassa, eólica, solar e Pequenas Centrais Hidroelétricas), Além de está implantando um novo parque industrial baseado em equipamentos e plantas industriais modernas que podem, pela tecnologia, estabelecer um padrão de desenvolvimento com base na sustentabilidade. Desta forma, o Estado de Pernambuco possui papel central na contribuição para manutenção/diminuição do fator de emissão de gases de efeito estufa nacional por habitante nos próximos anos.
A nossa resposta às mudanças climáticas demanda uma ação estratégica conjunta e coordenada do Estado de Pernambuco com os níveis nacional, regional e internacional, considerando-se as especificidades socioeconômicas e setoriais, assim como os impactos e as vulnerabilidades específicas de nosso estado.
Cooperando com o Brasil, Pernambuco elaborou e sancionou uma legislação ambiental de política pública para o enfrentamento às mudanças climáticas eficaz e coordenada com as outras políticas públicas ambientais do estado, como a Política Florestal Estadual (em processo de reconstrução técnica), a Política de Resíduos Sólidos (aprovada na ultima reunião do Conselho Estadual de Meio Ambiente- CONSEMA, no dia 18 de junho deste ano, a ser enviada à Assembléia Legislativa nos próximos dias), a Política Estadual de Gerenciamento Costeiro (com Projeto de Lei em tramitação na Assembléia Legislativa de Pernambuco) e com a nova Lei de Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Assim, os esforços de mitigação e adaptação normatizados pela nossa lei Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas são cruciais tanto do ponto de vista socioambiental e da saúde humana, como do ponto de vista econômico.
A Política de Mudanças Climáticas de Pernambuco prevê o arcabouço estratégico que norteará a elaboração, implantação e operação do Plano Estadual de Mudanças Climáticas, bem como de outros planos, programas, projetos, ações, objetivos administrativos e prioridades relacionados, direta ou indiretamente, à mudança do clima.
A nova tarefa de Pernambuco é trabalhar transversalmente ás suas políticas ambientais, os temas ligados ao Monitoramento Ambiental, ao Controle Ambiental, a Educação Ambiental e à Pesquisa e Tecnologia Ambiental.
Hoje podemos dizer que o esforço pernambucano em estabelecer as políticas ambientais estaduais, abriu caminhos a serem trilhados, rumos a serem seguidos, obrigações a serem cumpridas. Construímos e continuamos a construir um arcabouço jurídico que torna precisa nossa jornada por um Pernambuco pautado pelo desenvolvimento sustentável.
Se Viver não é preciso, navegar é preciso, e nosso trabalho solidário e profissional, criou bússolas para conduzimento firme de nossa Nau ambiental pernambucana.
Hélvio Polito Lopes Filho,
Advogado, Procurador do Município de Olinda e atualmente Secretário Executivo de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco
Pernambuco tem o que comemorar com a sanção, pelo Governador Eduardo Campos, no dia 17 de junho de 2010, de duas importantes Leis de Políticas Públicas Ambientais, a Lei 14.090/2010 (que Institui a Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas de Pernambuco) e a Lei 14.091/2010 (que Institui a Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca).
“É impressionante a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer.”, já dizia Caetano Veloso.
Estas Leis, nascem justamente no dia 17 de junho, quando em mensagem pelo Dia Mundial de Combate à Desertificação, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, lembra que mais de um bilhão de pessoas pobres e vulneráveis vivem em terras secas no mundo.
O Secretário-Geral da ONU, disse da necessidade de combater à desertificação no mundo como forma de evitar a fome, a pobreza e as tensões sociais. Pernambuco faz a sua parte.
Em 2008, os governos dos 11 estados da federação possuidores de Áreas Susceptíveis de Desertificação (ASD), em parceria com a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SDR) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), iniciaram o processo de construção de seus respectivos Programas de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAEs). Pernambuco fez um grande esforço conjunto entre poder público e a sociedade civil e apresentou o primeiro Programa Estadual, dentre todos os estados envolvidos, renovando o pioneirismo, a vanguarda e a coragem de nossa gente em inovar e avançar.
Agora Pernambuco apresenta a primeira Lei Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, fruto da formulação participativa com o desenho das demandas de cada região do estado, gerando a construção de um documento legal que contempla a realidade local e orienta os gestores públicos e tomadores de decisão, em bases técnicas, refletindo os anseios dos diversos setores sociais envolvidos no processo de desenvolvimento e implementação de políticas, planos, programas e projetos voltados ao enfrentamento das questões da vulnerabilidade de nosso semiárido pernambucano, quanto à questão da desertificação.
Devemos lembrar que desertificação é a ação humana que pode gerar áreas de deserto, pela utilização não racional dos recursos naturais em áreas áridas, semiáridas e subúmidas secas do planeta, diferente do termo desertização que é a formação de desertos pelos eventos climáticos gerados pela natureza. A nova Lei de Pernambuco busca enfrentar a ação danosa do homem sobre as Áreas Susceptíveis de Desertificação, evitando que a cobiça e a ignorância na utilização degradadora dos recursos naturais de nosso semiárido, não comprometam as gerações do futuro.
Quanto a questão das mudanças Climáticas, Pernambuco tem um papel relevante no seu enfrentamento e na adaptação de seus efeitos. Por um lado é altamente vulnerável aos efeitos negativos das mudanças do clima, em especial nas áreas litorâneas com baixa declividade (entre 2 e 4 metros ao nível do mar), volumosa drenagem superficial, nível elevado do lençol freático, impermeabilização do solo e a maior densidade demográfica em litoral por estado no Brasil (são 913 habitantes por quilometro quadrado) tendo ainda grande porção do Estado sujeita à desertificação (90.68% do território estadual com Áreas Susceptíveis a Desertificação). Por outro lado, enquanto o horizonte de expansão do sistema elétrico e energético brasileiro tem se baseado no aumento da participação de fontes não renováveis de energia, o estado do Pernambuco se apresenta com significativo aumento de energias renováveis na sua matriz energética (biomassa, eólica, solar e Pequenas Centrais Hidroelétricas), Além de está implantando um novo parque industrial baseado em equipamentos e plantas industriais modernas que podem, pela tecnologia, estabelecer um padrão de desenvolvimento com base na sustentabilidade. Desta forma, o Estado de Pernambuco possui papel central na contribuição para manutenção/diminuição do fator de emissão de gases de efeito estufa nacional por habitante nos próximos anos.
A nossa resposta às mudanças climáticas demanda uma ação estratégica conjunta e coordenada do Estado de Pernambuco com os níveis nacional, regional e internacional, considerando-se as especificidades socioeconômicas e setoriais, assim como os impactos e as vulnerabilidades específicas de nosso estado.
Cooperando com o Brasil, Pernambuco elaborou e sancionou uma legislação ambiental de política pública para o enfrentamento às mudanças climáticas eficaz e coordenada com as outras políticas públicas ambientais do estado, como a Política Florestal Estadual (em processo de reconstrução técnica), a Política de Resíduos Sólidos (aprovada na ultima reunião do Conselho Estadual de Meio Ambiente- CONSEMA, no dia 18 de junho deste ano, a ser enviada à Assembléia Legislativa nos próximos dias), a Política Estadual de Gerenciamento Costeiro (com Projeto de Lei em tramitação na Assembléia Legislativa de Pernambuco) e com a nova Lei de Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Assim, os esforços de mitigação e adaptação normatizados pela nossa lei Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas são cruciais tanto do ponto de vista socioambiental e da saúde humana, como do ponto de vista econômico.
A Política de Mudanças Climáticas de Pernambuco prevê o arcabouço estratégico que norteará a elaboração, implantação e operação do Plano Estadual de Mudanças Climáticas, bem como de outros planos, programas, projetos, ações, objetivos administrativos e prioridades relacionados, direta ou indiretamente, à mudança do clima.
A nova tarefa de Pernambuco é trabalhar transversalmente ás suas políticas ambientais, os temas ligados ao Monitoramento Ambiental, ao Controle Ambiental, a Educação Ambiental e à Pesquisa e Tecnologia Ambiental.
Hoje podemos dizer que o esforço pernambucano em estabelecer as políticas ambientais estaduais, abriu caminhos a serem trilhados, rumos a serem seguidos, obrigações a serem cumpridas. Construímos e continuamos a construir um arcabouço jurídico que torna precisa nossa jornada por um Pernambuco pautado pelo desenvolvimento sustentável.
Se Viver não é preciso, navegar é preciso, e nosso trabalho solidário e profissional, criou bússolas para conduzimento firme de nossa Nau ambiental pernambucana.
Hélvio Polito Lopes Filho,
Advogado, Procurador do Município de Olinda e atualmente Secretário Executivo de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco
Cota racial é política, cota social é esmola
A pior defesa que conheço das cotas para negros e índios na Universidade brasileira é a dos que dizem que isso se insere em uma política educacional de compensação. Em geral, essa defesa é feita pela esquerda. O ataque mais perverso que conheço contra as cotas raciais é o dos que dizem que defendem, ao invés destas, as cotas sociais. Em geral esse ataque é o da direita, em especial o que é dito pelos parlamentares do PSDB e DEM.
Cota racial advém de uma política contemporânea, em geral de cunho social-democrata ou, para usar a terminologia americana, mais apropriada ao caso, liberal. A cota social é esmola, tem o mesmo cheiro da ação de reis e padres da Idade Média, e aparece no estado moderno travestida de política.
A cota social não faz sentido, pois o seu pressuposto é o de que há e sempre haverá pobres e ricos e que aos primeiros se dará uma compensação, que obviamente não pode ser universal, para que alguns usufruam da boa universidade destinada aos ricos. É como se dissessem: também há pobres inteligentes que merecem uma chance para estudar. O termo social, neste caso, é meramente ideológico. Não se vai fazer nenhuma ação social com o objetivo de melhoria da sociedade. O que se faz aí é, no melhor, populismo, no pior, a mera prática a esmola mesmo.
A cota racial não pode ser posta no mesmo plano da cota social. Todavia, a sua defesa cai na mesma vala da cota social quando se diz que ela visa colocar os negros na universidade, até então dominada pelos brancos, para que se possa compensá-los pela escravidão ou pelo desleixo do estado ou pelo racismo velado ou aberto. Não! Cota racial não é para isso. O objetivo das cotas é o de colocar um grupo no interior de um lugar em que ele não é visto para que, assim, de maneira mais rápida, se dê o convívio social entre os grupos nacionais, de modo a promover a integração – o que passa necessariamente pelo convívio que pode levar ao conhecimento entre culturas, casamentos, troca de histórias e criação de experiências comuns. A questão, neste caso, é de visibilidade do grupo por ele mesmo e da sociedade em relação aos grupos.
No Brasil há miscigenação. E em grande escala. Ótimo! Mas não basta. Não é o suficiente porque há espaços físicos e institucionais, no Brasil, que não estão disponíveis para determinados grupos étnicos e isso promove uma má visibilidade da nossa população em relação a ela mesma. A população não vê o negro e o índio na universidade e, com isso, não formula o conceito correto de aluno universitário: o universitário é o estudante brasileiro de ensino superior. Ora, se você não vê o negro e o índio nesse espaço, o conceito não se forma de modo ótimo, o que é gerado na mentalidade, ainda que não verbalizado de maneira completamente clara, é o seguinte: o universitário é o estudante brasileiro branco de ensino superior. Isso é o pré-conceito a respeito de aluno universitário. Ele está aquém do conceito – por isso ele é “pré”. Ele pode gerar uma visão errada e, a partir daí, uma discriminação social, em qualquer outro setor da vida nacional.
Assim, para resolver o problema de brancos, negros, índios ou qualquer outro grupo, do ponto de vista social, no sentido de fazer com que todo brasileiro tenha acesso à universidade, a política não é a cota social. Também não é a cota racial. A política correta é a melhoria da escola pública básica, para que todos possam cursar, depois, o melhor ensino universitário. Agora, para resolver o problema da diminuição do preconceito em qualquer setor e, é claro, não só no campo universitário, uma das boas políticas é ter o mais rápido possível o negro e o índio em lugares onde esses brasileiros não estão. Portanto, também na universidade; e é para isso que serve a cota racial. Isso evita a formação de uma mentalidade que se alimente de formulações aquém do conceito – há com isso a diminuição da formação do pré-conceito e, portanto, no conjunto da sociedade, menos ações prejudiciais contra negros e índios.
Foi assim que a América fez. As cotas ampliaram rapidamente o convívio e mudaram a mentalidade de todos. Mesmo os conservadores mudaram! O preconceito racial que, na época de Kennedy, era um problema para o FBI e, depois, do Movimento dos Direitos Civis, diminuiu sensivelmente nos anos oitenta. A visibilidade do negro se fez presente diminuindo sensivelmente o que o americano médio – negro ou branco – pensava de si mesmo. Foi essa política que permitiu um país com bem menos miscigenação que o nosso pudesse, mas cedo do que se imaginava, eleger um Presidente negro – algo impensável nos anos 60.
A ação em favor da cota social é um modo de não dar prosseguimento à política educacional democrática e, ao mesmo tempo, atropelar a política de luta contra a formação do preconceito racial. É uma ação da direita contra a esquerda. A esquerda defende sua política de modo errado ao não lembrar que a cota racial não é política educacional, é política de luta pela integração e pela ampliação da visibilidade de uma cultura miscigenada para ela mesma. Cota não é para educar o negro e o índio, é para educar a sociedade! Ao mesmo tempo, a esquerda se esquece de denunciar que cota social, esta sim, quer se passar por política educacional e, na verdade, não é nada disso – é uma atitude ideológica conhecida, que sempre veio da direita que, sabe-se bem, sempre teve saudades de uma época anterior ao tempo da formação do estado moderno, uma época em que a Igreja e os reis saiam às ruas “ajudando os pobres”.
Os senadores que defendem a cota social e não a cota racial, no fundo imaginam o mesmo que os ricos da Idade Média imaginavam, ou seja, que os pobres existem para que eles possam fazer caridade e, então, como os pobres – de quem o Reino de Céus é dado por natureza, como está na Bíblia – também consigam suas cadeiras junto a Jesus.
Não deveríamos estar debatendo sobre cotas. Afinal, já as usamos em tudo. Por exemplo, fizemos cotas de mulheres para partidos políticos e, com isso, diminuímos o preconceito contra a mulher na política. Por que agora há celeuma em uma questão similar? Ah! É que a cota racial mexe com os brios dos mais reacionários. No fundo, eles não querem mesmo é ver nenhum negro ou índio em espaços que reservaram para seus filhos.
Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo
em: http://ghiraldelli.wordpress.com/2010/03/07/cotas-2/
Cota racial advém de uma política contemporânea, em geral de cunho social-democrata ou, para usar a terminologia americana, mais apropriada ao caso, liberal. A cota social é esmola, tem o mesmo cheiro da ação de reis e padres da Idade Média, e aparece no estado moderno travestida de política.
A cota social não faz sentido, pois o seu pressuposto é o de que há e sempre haverá pobres e ricos e que aos primeiros se dará uma compensação, que obviamente não pode ser universal, para que alguns usufruam da boa universidade destinada aos ricos. É como se dissessem: também há pobres inteligentes que merecem uma chance para estudar. O termo social, neste caso, é meramente ideológico. Não se vai fazer nenhuma ação social com o objetivo de melhoria da sociedade. O que se faz aí é, no melhor, populismo, no pior, a mera prática a esmola mesmo.
A cota racial não pode ser posta no mesmo plano da cota social. Todavia, a sua defesa cai na mesma vala da cota social quando se diz que ela visa colocar os negros na universidade, até então dominada pelos brancos, para que se possa compensá-los pela escravidão ou pelo desleixo do estado ou pelo racismo velado ou aberto. Não! Cota racial não é para isso. O objetivo das cotas é o de colocar um grupo no interior de um lugar em que ele não é visto para que, assim, de maneira mais rápida, se dê o convívio social entre os grupos nacionais, de modo a promover a integração – o que passa necessariamente pelo convívio que pode levar ao conhecimento entre culturas, casamentos, troca de histórias e criação de experiências comuns. A questão, neste caso, é de visibilidade do grupo por ele mesmo e da sociedade em relação aos grupos.
No Brasil há miscigenação. E em grande escala. Ótimo! Mas não basta. Não é o suficiente porque há espaços físicos e institucionais, no Brasil, que não estão disponíveis para determinados grupos étnicos e isso promove uma má visibilidade da nossa população em relação a ela mesma. A população não vê o negro e o índio na universidade e, com isso, não formula o conceito correto de aluno universitário: o universitário é o estudante brasileiro de ensino superior. Ora, se você não vê o negro e o índio nesse espaço, o conceito não se forma de modo ótimo, o que é gerado na mentalidade, ainda que não verbalizado de maneira completamente clara, é o seguinte: o universitário é o estudante brasileiro branco de ensino superior. Isso é o pré-conceito a respeito de aluno universitário. Ele está aquém do conceito – por isso ele é “pré”. Ele pode gerar uma visão errada e, a partir daí, uma discriminação social, em qualquer outro setor da vida nacional.
Assim, para resolver o problema de brancos, negros, índios ou qualquer outro grupo, do ponto de vista social, no sentido de fazer com que todo brasileiro tenha acesso à universidade, a política não é a cota social. Também não é a cota racial. A política correta é a melhoria da escola pública básica, para que todos possam cursar, depois, o melhor ensino universitário. Agora, para resolver o problema da diminuição do preconceito em qualquer setor e, é claro, não só no campo universitário, uma das boas políticas é ter o mais rápido possível o negro e o índio em lugares onde esses brasileiros não estão. Portanto, também na universidade; e é para isso que serve a cota racial. Isso evita a formação de uma mentalidade que se alimente de formulações aquém do conceito – há com isso a diminuição da formação do pré-conceito e, portanto, no conjunto da sociedade, menos ações prejudiciais contra negros e índios.
Foi assim que a América fez. As cotas ampliaram rapidamente o convívio e mudaram a mentalidade de todos. Mesmo os conservadores mudaram! O preconceito racial que, na época de Kennedy, era um problema para o FBI e, depois, do Movimento dos Direitos Civis, diminuiu sensivelmente nos anos oitenta. A visibilidade do negro se fez presente diminuindo sensivelmente o que o americano médio – negro ou branco – pensava de si mesmo. Foi essa política que permitiu um país com bem menos miscigenação que o nosso pudesse, mas cedo do que se imaginava, eleger um Presidente negro – algo impensável nos anos 60.
A ação em favor da cota social é um modo de não dar prosseguimento à política educacional democrática e, ao mesmo tempo, atropelar a política de luta contra a formação do preconceito racial. É uma ação da direita contra a esquerda. A esquerda defende sua política de modo errado ao não lembrar que a cota racial não é política educacional, é política de luta pela integração e pela ampliação da visibilidade de uma cultura miscigenada para ela mesma. Cota não é para educar o negro e o índio, é para educar a sociedade! Ao mesmo tempo, a esquerda se esquece de denunciar que cota social, esta sim, quer se passar por política educacional e, na verdade, não é nada disso – é uma atitude ideológica conhecida, que sempre veio da direita que, sabe-se bem, sempre teve saudades de uma época anterior ao tempo da formação do estado moderno, uma época em que a Igreja e os reis saiam às ruas “ajudando os pobres”.
Os senadores que defendem a cota social e não a cota racial, no fundo imaginam o mesmo que os ricos da Idade Média imaginavam, ou seja, que os pobres existem para que eles possam fazer caridade e, então, como os pobres – de quem o Reino de Céus é dado por natureza, como está na Bíblia – também consigam suas cadeiras junto a Jesus.
Não deveríamos estar debatendo sobre cotas. Afinal, já as usamos em tudo. Por exemplo, fizemos cotas de mulheres para partidos políticos e, com isso, diminuímos o preconceito contra a mulher na política. Por que agora há celeuma em uma questão similar? Ah! É que a cota racial mexe com os brios dos mais reacionários. No fundo, eles não querem mesmo é ver nenhum negro ou índio em espaços que reservaram para seus filhos.
Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo
em: http://ghiraldelli.wordpress.com/2010/03/07/cotas-2/
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